No Brasil, os recentes vazamentos de dados e os ataques de hackers direcionados a empresas e instituições públicas provocaram um aumento significativo na busca por seguros de proteção cibernética. De acordo com um levantamento realizado pela Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), a modalidade de seguro cibernético gerou uma arrecadação de R$ 123 milhões entre janeiro e setembro, representando um aumento de 75% em comparação com os nove primeiros meses de 2021. No mesmo período do ano anterior, o montante comercializado atingiu R$ 70 milhões.
João Fontes, integrante da Subcomissão de Linhas Financeiras da FenSeg, explicou que essa crescente demanda reflete a crescente apreensão do setor privado em relação à vulnerabilidade dos sistemas de segurança de dados. Os setores mais propensos a buscar esse tipo de serviço são os ligados ao varejo, energia elétrica e saúde.
A modalidade de seguro cibernético desponta como uma das mais rapidamente em ascensão no âmbito das linhas financeiras. Em 2019, os prêmios arrecadados totalizaram R$ 21 milhões. Esse número saltou para R$ 105 milhões em 2021, após a pandemia e a digitalização acelerada de muitas empresas. Estima-se que até o final deste ano, a arrecadação possa atingir a marca dos R$ 175 milhões.
Um fator que contribuiu para esse aumento na demanda é o aumento dos ataques cibernéticos e das frequentes tentativas de invasão de sistemas. Além disso, a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que obriga as empresas a notificar violações de dados, sob pena de enfrentar sanções impostas pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), também incentivou muitas empresas a buscar esse tipo de seguro.
Os dados também indicam que as empresas, além de adquirir seguros para mitigar possíveis prejuízos decorrentes de interrupções de serviços causadas por ataques hackers, estão aumentando seus investimentos na proteção de dados por meio de empresas especializadas. Ao comparar o período de janeiro a setembro de 2022 com o ano anterior, houve uma diminuição de 10% no total de indenizações pagas em todo o país, caindo de uma média de R$ 22 milhões para R$ 20 milhões.